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Como ficará o Brasil e qual será o papel do Estado na Nova Ordem Mundial pós-coronavírus

Economia
Thruarlley Marttins - 2020-04-27 01:50:55
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Analistas concordam: o mundo não será o mesmo depois da pandemia atual. Com China e EUA à frente, nações reorganizam suas forças. E quanto ao nosso país?

 

A pandemia de coronavírus coloca o mundo em um estado de emergência, do qual surgirá, depois de passado o período crítico da doença, uma nova ordem internacional. O tabuleiro do jogo de poder, que tem visto uma ascensão chinesa, certamente sairá impactado. A adoção de programas internacionais de cooperação, como o caso do Plano Marshall no pós-Segunda Guerra Mundial, pode estar no horizonte. Mas e o Brasil – como se posicionará diante do mundo pós-coronavírus?

 

Por aqui, a ideia de um Plano Marshall ganhou voz pelas palavras do fundador da XP Investimentos, Guilherme Benchimol, que defendeu a iniciativa para evitar que o país enfrente uma situação de caos gerado por desemprego. Em videoconferência com a participação do presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, ele considerou não ser improvável que o Brasil chegue a 40 milhões de desempregados até o fim do segundo trimestre. 

 

E citou a previsão apresentada por James Bullard, do Federal Reserve (FED) de St. Louis, de que a taxa de desemprego nos EUA poderá chegar a 30% em meio à paralisação da atividade econômica. André Street, da Stone, disse que, “apesar de defensor absoluto do livre mercado”, também entende que o momento pede atuação do governo para garantir o funcionamento da economia. Para o economista-chefe da corretora Necton Investimentos, André Perfeito, a crise de 2008 ocorreu dentro do sistema financeiro.

 

– Naquela época, tivemos um ativismo monetário, muita política de taxa de juros que foi feita, corte de juros, expansão de balanço do banco central, porque era um problema que tinha de ser resolvido dentro do mercado financeiro. Hoje, embora se tenha uma característica como essa, é um pouco diferente. Ao invés de o mercado financeiro ter contaminado a economia real, foi a economia real que contaminou o mercado financeiro – diz.

 

Para o economista, os governos irão gastar muito com a crise:

 

– Todo mundo mandou às favas os bons modos fiscalistas. Ninguém está ligando para isso agora. Os Estados nacionais vão sair endividados.

 

O economista destaca uma diferença em relação ao plano de reconstrução da Europa após a Segunda Guerra e uma estratégia chinesa de empoderamento e financiamento capaz de reerguer a economia hoje. Embora a China projete influência econômica, a moeda dominante continua sendo o dólar.

 

– Moeda é uma relação de confiança. Em quem o mundo vai confiar? Se de um lado a China está ganhando espaço, o yuan não é uma moeda internacional.

 

Do ponto de vista da política externa, segundo especialistas, nunca foi tão fundamental o Brasil exercer uma das tradições de sua diplomacia: o pragmatismo. Mesmo que o governo prefira o alinhamento estratégico com os EUA, especialistas sustentam que o Palácio do Planalto não deve comprar briga com a China, principal parceiro econômico do país. Isso significa resistir a preferências ideológicas do setor do governo que tem no ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, um de seus defensores.

 

Pesquisadores citam estrategistas como Henry Kissinger, ex-todo-poderoso secretário de Estado americano, que, nos anos 1970, protagonizou a aproximação entre os EUA e a China maoísta. Ele representava o governo de Richard Nixon, republicano e conservador, mas conseguiu ver na ocasião uma chance de isolar a URSS

 

– Não precisa ser amigo da China hoje. Kissinger não tinha simpatia pelo Mao Tsé-tung, mas viu que tinha uma oportunidade. O Brasil precisa ter uma boa relação com os dois, EUA e China, em um cenário em que ambos estão competindo pelo Brasil, oferecendo vantagens ao nosso país. Do ponto de vista econômico, a importância da China só vai aumentar – afirma Stuenkel.

 

– Essa pandemia deixa claro que, embora os Estados tenham soberania limitada aos seus territórios, os problemas que enfrentam muitas vezes têm origens globais. Problemas dessa natureza exigem mecanismos de coordenação interestaduais e, por isso, fortalecem organizações de regulação que estão acima dos Estados.

 

 

 

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