A curiosa ilha que 'muda de país' 2x por ano

A intrigante Ilha dos Faisões é governada por cada uma das nações vizinhas a cada seis meses, de forma alternada, e é também um registro histórico da rivalidade entre Espanha e França.
Dos elevados mirantes sobre a cidade de San Sebastián, no País Basco (Espanha), os visitantes podem ver um dos caminhos bíblicos mais antigos e românticos do mundo: o Caminho de Santiago de Compostela.
O trajeto epopeico até o túmulo de São Tiago, no extremo noroeste da Espanha, é bastante frequentado. Ele atrai e desperta o interesse das pessoas há séculos.
Todos os anos, centenas de milhares de andarilhos e peregrinos vêm de longe até aqui, mas eu não sou um deles. Em vez dos vales profundos que serpenteiam em direção às igrejas, meu destino é outro, completamente diferente: um local estranho e desabitado chamado Ilha dos Faisões.
Tentando entender melhor o País Basco Espanhol, encontrei por acaso esta faixa de terra com menos de um hectare enquanto pesquisava os mapas ilustrados dos Pirineus Ocidentais. Ela fica no Rio Bidasoa (perto da foz, no Golfo de Biscaia), entre as cidades fronteiriças de Hendaye, na França, e Irun, na Espanha.
A intrigante Ilha dos Faisões é governada por cada uma das nações vizinhas a cada seis meses, de forma alternada. É um registro histórico da rivalidade entre os dois países.
Irregularidades fronteiriças podem ser encontradas em toda a Europa — e em outras partes do mundo. Mas uma ilha com 200 metros de comprimento que troca de país duas vezes por ano é algo profundamente estranho. E, curiosamente, poucas pessoas sabem alguma coisa sobre a Ilha dos Faisões.
História por toda parte
Aprendi sobre esta ilha misteriosa antes de chegar para vê-la de perto. Eu estava na companhia de Pía Alkain Sorondo, arqueóloga que promove tours a pé pela região. Como a maioria das pessoas nesta parte da Espanha, ela se sente na obrigação de manter as histórias do País Basco vivas — não importa o quanto inusitadas possam ser.
"Adoro contar a história do nosso patrimônio", conta Sorondo, enquanto caminhamos pela fronteira franco-espanhola a leste de San Sebastián. De certa forma, estamos voltando no tempo.
Deixamos para trás diversos terrenos industriais, prédios de apartamentos e bares de pintxos — um tipo de aperitivo servido no pão, típico do País Basco. À nossa frente, estão os restos arqueológicos de uma antiga ponte construída pelos romanos e a ilha propriamente dita.
"A história está escondida ao longo das margens deste rio, mas a maioria das pessoas anda por aqui sem saber de nada. É isso que estou tentando mudar", afirma ela.
Ao chegar ao nosso destino (um parque em frente à ilha, nas margens do rio), nos deparamos com uma vista especial. A Ilha dos Faisões, com formato elíptico e coberta de árvores, fica a apenas 10 metros do lado espanhol do rio, e a 20 metros do lado francês.
Sua importância histórica é tão grande que raramente ela é aberta aos visitantes. No centro, há um enorme monumento, parecido com uma lápide, com inscrições. Ele dá uma ideia do peso dos séculos de história do local. Imponente, o monumento celebra a reunião onde foi negociado o Tratado dos Pireneus, que selou a paz entre a Espanha e a França em 1659.
"Aprender a história por trás deste local é como uma descoberta", conta Sorondo. "É quase uma ilha-fantasma."
Ao longo da história, a Ilha dos Faisões recebeu uma série de nomes diferentes. Para começar, o nome atual — Isla de los Faisanes em espanhol, Faisai Uhartea em basco ou Île des Faisans, em francês — é um erro.
"Não existem faisões na Ilha dos Faisões", reclamou o romancista francês Victor Hugo ao visitar o local, em 1843. E, de fato, só há patos-reais, com suas cristas verdes, e aves migratórias.

Nos tempos dos romanos, a ilha era conhecida como "Pausoa" — palavra basca que significa "passagem" ou "passo". Os franceses traduziram para "Paysans" (camponeses), que depois virou "Faisans" (faisões). Com o passar do tempo, o nome Ilha dos Faisões permaneceu.
A modesta ilha finalmente ganhou importância em 1648, após um cessar-fogo no final da Guerra dos Trinta Anos, entre a França e a Espanha. Ela foi escolhida como um espaço neutro para demarcar as novas fronteiras entre os dois países.
Ao todo, foram realizadas 24 reuniões de cúpula, com escoltas militares de prontidão para o caso das conversações fracassarem. Apenas 11 anos mais tarde, foi celebrado o acordo de paz, chamado Tratado dos Pireneus.
Para marcar a ocasião, foi organizado um casamento real. Em 1660, o rei Luís 14, da França, se casou com Maria Teresa, filha do rei da Espanha, Filipe 4°, no local da declaração de paz.
Pontes de madeira foram construídas para facilitar a passagem, e os membros da realeza chegaram em carruagens e barcos do Estado.
Foram encomendados tapetes e pinturas. Diego Velázquez, pintor da corte de Filipe 4° e autor da obra-prima As Meninas (um retrato de Margarita Teresa, outra filha do rei Filipe, com suas damas de honra), foi encarregado de organizar boa parte das festividades.
A Ilha dos Faisões acabou sendo tão simbólica como metáfora de paz que os dois países decidiram que a custódia do território seria conjunta. A Espanha seria responsável por ele entre 1° de fevereiro e 31 de julho, e a França assumiria o comando nos seis meses restantes de cada ano.
Surgia naquele momento o menor condomínio do mundo.
Os condomínios, no direito internacional
Por definição, os condomínios são locais determinados pela existência de mais de um Estado soberano. O termo é derivado do latim condominium: "com" significa "conjunto", e "dominium" quer dizer "direito de propriedade".
Ao longo dos séculos, diversos países se envolveram em disputas geográficas sobre condomínios. Governos passaram décadas argumentando sobre detalhes de quem é dono do quê e por qual razão. Normalmente, os condomínios não são centros de impérios, mas sim anexos geopolíticos experimentais.

Atualmente, há oito condomínios destes pelo mundo. Eles incluem o Lago de Constança, um condomínio tripartite entre a Áustria, a Alemanha e a Suíça; além do distrito de Brčko e do território em disputa da República Sérvia, ambos na Bósnia-Herzegovina.
Existem também a Área de Regime Comum, que é uma região marítima compartilhada pela Colômbia e pela Jamaica, e a região de Abyei, reivindicada pelo Sudão e pelo Sudão do Sul.
O Rio Mosel e seus afluentes Sauer e Our formam um condomínio fluvial compartilhado entre a Alemanha e Luxemburgo. Já o Golfo de Fonseca é um condomínio tripartite entre Honduras, El Salvador e Nicarágua.
Por fim, a Antártida é o maior e mais importante condomínio, teoricamente continental, governado pelos 29 signatários do Tratado da Antártida, que possui status consultivo.
No dia da minha visita à Ilha dos Faisões, o território estava sob administração espanhola. Um grupo de pessoas explorava os recantos da ilha de caiaque e, em terra, apenas uma pessoa parava para tirar fotografias.
Além de administrar o jardim, fazer a manutenção do atracadouro dos barcos, discutir direitos de pesca e monitorar a qualidade da água, não há muito para os espanhóis fazerem.
Visitantes só são autorizados na ilha em raras ocasiões, como nos dias de transferência semestral de poder, quando a ilha fica repleta de atividades com a cerimônia oficial, bandeiras, delegados, diplomatas e toda a pompa oficial; ou em tours ocasionais específicos para visita ao patrimônio local.
Mas um fenômeno alarmante que reverbera entre as comunidades fronteiriças é a quantidade de imigrantes tentando cruzar ilegalmente o rio da Espanha para a França. No dia anterior à minha chegada, um cidadão estrangeiro havia se afogado ao tentar atravessar o rio a nado. E, enquanto Sorondo e eu conversávamos sobre a história e a política do País Basco, um barco da polícia vasculhava as águas em busca do corpo.
Dados atuais da ONG Irungo Harrera Sarea, com sede em Irun, no lado espanhol, estimam que até 30 migrantes cheguem todos os dias buscando uma passagem segura para o norte, até a França.
Como um canal de maré, o Rio Bidasoa tem uma diferença de altura brutal de 3 a 4 metros, fluindo para um lado e para o outro da fronteira oficial, na ponte da rodovia nacional, como um ataque direto.
"Este ainda é um lugar de renovação da esperança para muitas pessoas", observa Sorondo, "mas também é uma armadilha mortal."
Com estas palavras dolorosas pairando no ar, apenas um pensamento passa pela minha cabeça enquanto deixo o local.
A Ilha dos Faisões pode ser uma nota de rodapé histórica esquecida. Mas, no nosso mundo matizado e imprevisível de disputas por fronteiras e apropriações de terras, é um símbolo de paz que precisa ser sempre lembrado.
Ler mais
Stranger Things: Criador confirma teoria de fãs para 5ª temporada

A 4ª temporada de Stranger Things ainda nem terminou, mas os fãs já estão criando teses para o final da série. Recentemente, em entrevista ao site TVLine, um dos criadores confirmou uma das teorias mais populares do público. Sim, teremos salto temporal na 5ª temporada devido às diferenças de idade entre os atores e personagens.
“Tenho certeza de que faremos um salto no tempo. Idealmente, teríamos filmado as temporadas 4 e 5 de forma consecutiva, mas simplesmente não havia uma maneira viável de fazer isso”, afirmou Ross Duffer sobre as recentes críticas de que as crianças já estão velhas demais para os papéis.
O mais velho da turma é Caleb McLaughlin, hoje com 20 anos (ele tinha 16 anos na primeira temporada), enquanto o mais novo é Noah Schnapp, o Will, que está com 17 e tinha 11 quando tudo começou. Atualmente, os personagens principais da série acabaram de entrar no ensino médio norte-americano, que vai dos 14 aos 18 anos, em média.
Ler mais
Top Gun Maverick: Astro da Fórmula 1 tentou um papel no filme de Tom Cruise

Top Gun: Maverick é um fenômeno na carreira de Tom Cruise e responsável por trazer a franquia de novo aos holofotes da cultura pop, mas acredite: ele poderia ser ainda melhor do que já é. Lewis Hamilton revelou que tentou participar do longa.
"Eu tentei um papel no Top Gun, porque sempre fui um grande fã. Eu tive a oportunidade de fazer e pensei: 'vamos fazer, vamos dar um jeito!'. Mas não tinha tempo de fazer nenhuma filmagem. Definitivamente não teria tempo. Isso iria tomar toda a minha pausa de inverno", revelou o sete vezes campeão da Fórmula 1.
Já pensou em Lewis Hamilton e Tom Cruise contracenando juntos?
Importante mencionar que, embora o filme tenha lançado em 2022, ele está em produção desde 2018 e seu desenvolvimento foi afetado pela pandemia da Covid-19, bem como a agenda dos pilotos nas temporadas de 2020 e 2021.
Apesar disso, Lewis não escondeu seu plano futuro de participar algum dia em filmes ou séries, assim que sua organização pessoal e profissional permitir. "Cinema e TV é provavelmente a única coisa que eu não fiz ainda. Quero fazer, mas é mais difícil conciliar. Fiz um teste para um papel uns tempos atrás: eu tinha um dia para aprender o papel. Foi durante um dia de desfiles de moda em Paris e eu tinha uns quatro para ir no mesmo dia. Entre um desfile e outro, eu me trocava rápido e me encontrava com uma treinadora. Isso durava uns 20 minutos. E no fim do dia eu tinha que gravar um vídeo para mandar para Los Angeles. Foi tão bacana!"
Entretanto, de acordo com o piloto na mesma entrevista, apesar do esforço, ele não passou nem perto de conquistar a vaga no elenco. "Era um papel grande. Não ia conseguir de jeito nenhum!", brincou o britânico. "Acho que quem acabou ficando com ele foi o Kurt Russell..."
Infelizmente, os fãs de Fórmula 1 não tiveram a oportunidade de ver o astro em Top Gun: Maverick, mas poderão prestigiar o piloto e a categoria no jogo F1 2022, que chegará ao PlayStation 4 e 5, Xbox One e Series X/S e PC em 1º de julho.
A EA prometeu que o novo jogo trará a maior mudança em mais de uma década, com novos recursos, incluindo suporte a VR no PC por meio do Oculus Rift e HTC Vive.
O F1 22 também incluirá "opções de jogabilidade expandidas", como corridas de sprint, novas opções de personalização para alterar voltas de formação, períodos de safety car e pit stops e IA adaptável que corresponde ao nível de habilidade do jogador.
Ler mais
É possível ter uma moeda única na América Latina?

Inflação e a especulação assolam as moedas latino-americanas, trazendo à tona discussão sobre uma moeda única na região. Ideia é defendida por Lula. Mas será que poderia funcionar?
Para Luiz Inácio Lula da Silva, trata-se da independência de toda a região: "se Deus quiser, vamos criar uma moeda na América Latina, porque não tem esse negócio de ficar dependendo do dólar", disse o ex-presidente brasileiro no início de maio.
Resta saber se isso foi apenas uma tentativa de definir um tema na agenda da campanha eleitoral antecipada ou se Lula está realmente levando a ideia a sério.
Seja como for, a declaração gerou debate. O portal de negócios argentino El Destape perguntou: "Uma moeda única para toda a América Latina - isso é possível?".
Uma moeda chamada "Sur"
A ideia não é inteiramente nova. Fernando Haddad, candidato do PT nas eleições presidenciais de 2018 e atualmente pré-candidato ao governo de São Paulo, já havia levantado a questão de uma moeda única na América do Sul.
Em abril, o ex-prefeito da capital paulista e o economista Gabriel Galípolo trouxeram à tona novamente o tema em um artigo publicado pelo jornal Folha de S.Paulo.
Haddad e Galípolo sugeriram até mesmo um nome para a moeda digital sul-americana: "SUR", que significa "sul" em espanhol, o idioma da maioria dos países da região.
Caminho não é fácil
A ideia de uma moeda única é fácil de formular, mas o caminho para ela é mais difícil. Jacques D'Adesky, da Universidade Federal Fluminense, aponta como obstáculo as diferenças e rivalidades históricas existentes, por exemplo, entre Brasil e Argentina.
"A formação de uma zona de moeda única exigiria inicialmente muitas negociações entre os futuros parceiros", disse D'Adesky à DW, reforçando que tal processo levaria anos.
O economista Leandro Dias, do banco AkinTec, de São Paulo, prefere esperar para ver se a ideia sobreviverá à atual campanha eleitoral.
Para ele, porém, em princípio, o espaço econômico do Mercosul já contribuiu para que a região trabalhasse mais em conjunto.
Atualmente, no entanto, "a maioria dos países ainda quer manter sua soberania e independência econômica", destaca Dias.
Uma moeda única sul-americana, para Haddad, visa melhorar o comércio e integrar ainda mais os países da região. De acordo com a proposta do petista, ela deve ser apoiada por um banco central sul-americano como moeda digital. Para dar o primeiro passo nessa direção, no entanto, é necessária uma declaração de intenções de vários governos para que as negociações possam começar.
Euro como modelo
A introdução de uma moeda latino-americana única teria também uma dimensão política, semelhante à do euro na Europa. A América Latina - ou a América do Sul - se aproximaria econômica e socialmente e seria vista como uma única área econômica.
O "SUR" proposto por Haddad seria, então, um precursor de um desenvolvimento político que poderia, eventualmente, levar a uma União Latino-Americana ou aos "Estados Unidos da América Latina".
Será um delírio? Ou em um futuro próximo, poderíamos dizer que isso pode se tornar realidade!??
Juiz dá prazo para ex-empregado da Tesla aceitar US$15 mi em caso de racismo

Por Jonathan Stempel
(Reuters) - Um juiz federal norte-americano decidiu dar a um ex-operador de elevador da Tesla duas semanas para decidir se aceita 15 milhões de dólares como ressarcimento em um processo sobre abuso racial na montadora, bem aquém dos 137 milhões de dólares concedidos por um júri.
Owen Diaz afirmou no processo que seus ex-colegas e supervisor o submeteram a um ambiente de trabalho hostil que incluiu insultos, caricaturas e suásticas em seus nove meses de trabalho na fábrica da Tesla em Fremont, Califórnia, entre 2015 e 2016.
Um júri concedeu a Diaz em outubro 6,9 milhões de dólares em danos e 130 milhões de dólares como punição à montadora. Mas o juiz William Orrick reduziu ambos os pagamentos em 13 de abril e rejeitou pedido da Tesla para um novo julgamento.
Orrick afirmou que não há questão imediata para justificar uma apelação da redução dos valores a serem pagos a Diaz, que incluem 1,5 milhão em danos e 13,5 milhões em punição à montadora.
Na decisão desta terça-feira, Orrick afirmou que está "firmemente convencido" de que os valores concedidos pelo júri foram excessivos e que permitir uma apelação rápida iria "adiar ainda mais a solução do caso que já tem cinco anos".
Advogados de Diaz não comentaram o assunto de imediato.
Segundo jurisprudência anterior da Suprema Corte dos Estados Unidos, pagamento de danos punitivos normalmente devem ser de menos de 10 vezes os danos compensatórios.
Ler mais
Inscreva-se
Para receber novidades e promoções, inscreva-se em nosso portal.
Categorias
-
G7Tecnologia
-
G7Educação
-
G7Esporte
-
G7Saúde
-
G7Fofocas Internacionais
-
G7Motivacional
-
G7Memes
-
G7Tristeza News
-
G7Vivendo e Aprendendo
-
G7Business
-
G7Cidades
-
G7Espaço Cristão
-
G7Humor
-
G7Política
-
G7Economia
-
G7Estilo de Vida
-
G7Curiosidades
-
G7Inspiração
-
G7Games
-
G7Família
-
G7Internacional
-
G7Brasil
-
G7Você sabia?
-
G7Reflexão
-
G7Style
-
G7Profissões
-
G7Heróis
-
G7Jogada de Marketing
-
G7Alerta
-
G7Good News
-
G7Olhar Positivo
-
G7Redes Sociais
-
G7Suce$$o
-
G7Sucesso
-
G7Automóveis
-
G7Inteligência Artificial
-
G7Cinema